domingo, 18 de abril de 2010

Vulcão ou Avião?

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Game boys





















O que impressiona nas imagens do Iraque que conhecemos ontem não é a violação de todas as regras, a ligeireza, as mentiras e a perseguição aos que as divulgaram. É a frieza tecnológica que mata a consciência.

O que impressiona não é o tiro aos feridos, apesar de contrariar todas as regras da honra militar. Mas só nos filmes a guerra tem alguma coisa a ver com a honra. A guerra é apenas a estupidez em todo o seu esplendor.

O que impressiona não são os comentários divertidos sobre os corpos no chão que o veículo esmaga ou a indiferença perante a informação de que entre as vítimas estavam crianças. A guerra não tem dignidade nenhuma. É apenas a bestialidade humana em estado puro. A diferença entre a catanada no Ruanda e a pontaria do Apache no Iraque é a tecnologia, não é a desumanidade. Basta ver os impressionantes números de mortos e deslocados para ficar clara a dimensão da barbárie.



O que impressiona não são as mentiras que o Pentágono foi contando sobre o homicídio (porque é disso que se trata) de 12 civis, entre os quais dois jornalistas da Reuters, e que as imagens desmentem de forma clara e indiscutível. Não se tratou de um combate contra forças hostis. Tratou-se de uma matança fria e sem qualquer justificação. Isto não chega a ser um escândalo, porque é um dia como os outros no Iraque. É dos livros: a verdade é a primeira baixa em qualquer guerra. E numa guerra que começou em nome de uma mentira não poderia ser diferente.

O que impressiona não é o fato dos ativistas de direitos humanos e jornalistas da wikileaks que tornaram públicas estas imagens já estarem na lista militar dos "inimigos que ameaçam a segurança dos Estados Unidos". É mais fácil um camelo entrar no buraco de uma agulha que o apego à liberdade entrar na cabeça de um general.



O que impressiona é a tecnologia gelada. É como um jogo de computador. Alvos sem rosto, ordens burocráticas, alegria pelos pontos conseguidos. "Nice", diz-se depois do massacre, sem chegar a haver entusiasmo na voz. As máquinas de guerra modernas cumpriram o sonho de Auschwitz: a morte limpa. O fim dos remorsos e da consciência. Nomes neutros - danos colaterais -, distância física e moral do acto praticado. Desumanização definitiva do inimigo. Maravilhoso Mundo Novo: carregue no "start", atinja o alvo e "nice". Objectivo cumprido. Passar para o próximo nível.

Por Daniel de Oliveira

extraído de http://aeiou.expresso.pt/game-boys=f575115

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Chacina Colateral



Esta é uma notícia que todo mundo deveria ver. Normalmente tendemos a acreditar nas versões televisivas sobre certos terroristas selvagens habitando determinados países.

O grupo Wikileaks trás a verdade à tona pela divulgação de um video gravado a partir de um apache AH64 em missão no Iraque. As imagens mostram a chacina de pelo menos 12 pessoas, entre civis e repórteres da agencia reuters.

O que é que um par de câmeras tem a ver com kalashnikovs e RPG-7s?

Na verdade, pelo que se pode ver no video, tanto o artilheiro como o piloto do apache estavam loucos para atirar e matar pessoas. Isso fica claro no momento em que o jornalista da Reuters se arrasta no chão e o militar diz:"Vamos lá, amigo. Tudo o que você precisa fazer é pegar uma arma". Mais tarde, quanto atiram no furgão, "vamos, dê-me permissão para abrir fogo".

Não contentes em disparar mesmo diante da dúvida, não titubeiam em massacrar os ocupantes de um furgão que passava por ali, e que iam prestar socorro às vítimas, matando todos exceto duas crianças que deixaram gravemente feridos, negando ajuda no hospital de base estadunidense, próximo à zona dos fatos.


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"Pleiteie como é difícil viver o dia-a-dia sem mentir um pouco, enganar um pouco, defraudar um pouco, extorquir um pouco, odiar seu próximo um pouco, roubar um pouco, assassinar um pouco, idolatrar um pouco, e ser um pouco lascivo. Obtenha sua indulgência do Céu para tudo isso, e então indubitavelmente uma indulgência não será negada para resistir a dano com dano um pouco, e responder ao mal com mal um pouco". Adin Ballou